CRACK: ANTES DA PRIMEIRA PEDRA





Editorial JP, 26 de novembro
Alguma coisa se parte. Quebra-se um elo imprescindível na corrente familiar quando um de seus membros é arrastado para o mundo das drogas. A convivência se torna impensável, a violência ronda os lares, os sonhos congelam na fumaça e mais nenhum futuro pode ser divisado. A paz vira tormento. Um mundo governado por delírios, alucinações, desespero e espancamentos está dentro de casa.
O crack seca e suga física e moralmente os indivíduos. O crack torna-se o deus de uma religião praticada na marginalidade. A legião de fanáticos, que na maioria das vezes são filhos que até outro dia frequentavam a escola, torna-se capaz dos atos mais insanos para reverenciar a pedra infernal no seu bolso e em suas narinas. Aumenta o número de descuidistas, batedores, assaltantes e zumbis esquálidos, de armas nas mãos, apavoram a sociedade.
As intervenções do estado nunca são suficientes. Há um louco faminto fumando em cada esquina, brutalizado, violento e disposto a tudo para conseguir seu alimento, o crack, a carne para seu cérebro corroído, a oração para sua alma dispensável. As histórias são terríveis. De violências contra pai e mãe, de roubos das posses familiares, assaltos e latrocínios, de negociação sexual de esposas e namoradas, de homicídios cometidos na periferia do desejo incontrolável. O isolamento é quase inevitável. O mundo fica do tamanho de um quarto, de um beco escuro, de uma porta fechada. E uma geração governada pelo crime organizado se mata em praça pública.
No combate a esse deplorável tormento, até mesmo as forças de repressão ao tráfico têm se dedicado à tarefa de salvar vidas das vítimas do crack. Na última sexta-feira, conforme noticiado pelo Jornal Pequeno, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão realizou a divulgação da campanha “Crack, é possível vencer” que se estendeu das 08 às 12 horas com acompanhamento da Polícia Militar do Maranhão. Nessa atividade, foi realizado atendimento ambulatorial para dependentes químicos por uma equipe médica formada por enfermeiros, psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas do bairro Monte Castelo.
Conter os avanços do crack sobre a juventude, a infância e a adolescência tem sido uma luta de toda a sociedade brasileira. Mas os donos dessa dor ainda enriquecem impunemente no Brasil. Além disso, o nível de crueldade e o poder de fogo dos traficantes é cada vez maior e mais terrível. Morre gente demais no entorno do tráfico. Quem usa drogas financia toda essa violência.  Pense nisso, antes da primeira pedra.

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