DETENTO DA PAPUDA É APROVADO COM BOLSA INTEGRAL PARA CURSO DE DIREITO


Ele concluiu ensinos fundamental e médio em programa de apoio do GDF.
Detido por três crimes, preso cumpre pena de 19 anos no regime aberto.


Alexandre Bastos Do G1 DF

RFG estuda durante o horário de almoço, no escritório onde trabalha (Foto: Nayara Ribeiro/Divulgação)
Detento estuda durante o horário de almoço no escritório onde trabalha (Foto: Nayara Ribeiro/Divulgação)


Um detento do Complexo Penitenciário da Papuda conseguiu bolsa de estudos integral para cursar direito no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), no Distrito Federal. Sem estudar desde a quarta série do ensino fundamental, ele completou a formação no Centro de Detenção Provisória por meio de um programa de amparo a presidiários, antes de tentar a vaga na instituição.
Desde fevereiro, a rotina dele é dividida entre o trabalho, durante o dia, e o estudo à noite em uma faculdade da Asa Sul. "Eu tive essa oportunidade agora, coisa que eu não almejava. Isso vai fazer diferença na minha vida e em todo o sistema prisional", afirma.As aulas do primeiro semestre começaram no dia 26 de fevereiro. O homem de 43 anos cumpre pena de 19 anos de prisão em regime aberto por formação de quadrilha e assalto a banco. Ele trabalha desde 2011 na Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap).
Antes da aprovação, ele fez um cursinho pré-vestibular oferecido pela Funap, instituição vinculada à Secretaria de Segurança Pública que promove a inclusão social de presos e egressos do sistema prisional. Outros 80 detentos frequentaram as aulas do curso preparatório. Além dele, outros quatro conseguiram a bolsa integral na faculdade.
Em 2010 e 2011, o detento foi aprovado no Enem e conseguiu bolsa de 50% para cursar serviço social em uma faculdade particular do DF. Como não tinha condições de arcar com o restante da mensalidade, ele dispensou a oportunidade.
O futuro advogado diz que por enquanto se concentra nas aulas, mas já tem planos para o futuro. "Saio de ônibus do trabalho e vou direto para a biblioteca da faculdade, antes de começarem as aulas. Quando terminar o curso, em 2020, quero ter minha carteirinha da OAB e, quem sabe, tentar um concurso público." A pena dele progrediu para o regime aberto em 2011, quando começou a trabalhar na Funap.
Na Papuda, o detento trabalhou em oficinas de fábrica de bola de futebol, serigrafia e confecção de redes esportivas antes de conquistar a progressão de regime. "Agora preciso trabalhar e estudar. Separo meu horário de almoço para estudar e durante o final de semana completo as leituras em casa." O detento mora com a mulher e duas filhas, de 10 e 2 anos, em um barraco construído na cidade Estrutural.
Desde 2015, a instituição de ensino tem convênio com a Funap. Anualmente, cinco bolsas são oferecidas para internos do sistema prisional do DF. Os cinco primeiros detentos a estudarem no IDP entraram no primeiro semestre de 2015. Em 2016, outros cinco foram selecionados.
O processo de admissão dos detentos acontece uma vez ao ano e oferece aos alunos completo acesso às instalações da faculdade, segundo o órgão. Os detentos cursam os cinco anos da graduação nos turnos da manhã e da noite.
Os horários são determinados pela Secretaria de Justiça, que ajuda os detentos a conciliarem trabalho e aulas. Segundo o IDP, apesar de recente, o convênio tem registrado “experiências positivas” e “alunos de destaque”.

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