NELSON MELO
jornalpequeno
Publicado em: 16/02/2014
Prédio no qual funcionou o 1º DP está abandonado e servindo como “cracolândia”/Fotos:G. FerreiraPrédio no qual funcionou o 1º DP está abandonado e servindo como “cracolândia”/Fotos:G. Ferreira
Os delegados da Polícia Civil do Maranhão realizaram uma assembleia, na tarde de sexta-feira (14), na sede da Associação que representa a categoria, localizada na Rua da Palma, a fim de discutirem questões relacionadas à estrutura física e administrativa das delegacias da capital maranhense e dos demais municípios do estado. A principal pauta deles, no entanto, se referiu à situação de abandono dos distritos policiais, sobretudo os plantões centrais, como o da Beira-Mar (no Complexo da Rffsa). Eles, também, reivindicam uma sede própria para a Polícia Civil, tais quais outros órgãos, como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.
De acordo com o delegado Marconi Lima, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil do Maranhão (Adepol-MA), a maioria dos prédios onde funcionam as delegacias está sendo negligenciada pelo Estado, sem qualquer condição de trabalho para os agentes públicos. Além de conviver com ratos e baratas, disse ele, os investigadores, delegados e demais servidores ainda têm de se dobrar em outras funções, “dando uma de carcereiro”, já que, dos mais de cinco mil presos do Maranhão, cerca de mil estão alojados nos distritos policiais. “Ou seja, o problema gera transtorno para o policial e para o custodiado, causando, também, prejuízo para a sociedade”, assegurou Marconi Lima.
PAGINA 12 [ POLICIA ] COLOR-00000001
O delegado Marconi ressaltou que, no antigo prédio da Rfssa, funcionam o Departamento de Narcóticos (Denarc), o 1° Distrito Policial (DP), a Delegacia do Idoso e o Plantão Central da Beira-Mar, em condições insalubres e desconfortáveis, com paredes descamadas e fiação elétrica comprometida. Naquele local, em momentos anteriores, estavam instaladas a Delegacia do Meio Ambiente e a Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic); mas, devido às decadentes instalações e ao pequeno espaço, aqueles departamentos foram transferidos, dando lugar às novas delegacias.
A equipe de reportagem do Jornal Pequeno compareceu ao antigo prédio do 1° DP, na Rua da Palma, e constatou a precariedade e insalubridade do espaço, com paredes descascadas, entulhos, papéis e caixas de plásticos misturados ao lixo jogado no local. De acordo com o delegado Marconi Lima, naquelas dependências, está funcionando uma ‘cracolândia’, onde usuários de drogas do Centro Histórico se abrigam, a fim de consumirem os entorpecentes. A única instalação, segundo ele, que ainda tem “condições de trabalho”, no referido logradouro, é exatamente a Adepol-MA, que, recentemente, passou por um demorado processo de “renovação”, com mudanças na fiação elétrica, nos aparelhos de ar condicionado, no forro e na pintura.
Delegados cobram que o Estado lhes dê melhores condições de trabalhoDelegados cobram que o Estado lhes dê melhores condições de trabalho
No interior do Maranhão, continuou ele, a situação não se modifica, já que os distritos policiais são casas de alvenaria, de maneira improvisada. Desde 2009, segundo o delegado, a Adepol tem solicitado, junto ao governo do Estado, soluções para os diversos problemas; mas, nada foi feito.
Os delegados reivindicam, também, uma sede própria para a Polícia Civil, que funcione separada da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/MA), com autonomia administrativa e financeira. A categoria quer uma “sede moderna”, com novo padrão arquitetônico, para beneficiar a sociedade e tornar os processos mais rápidos.
Os delegados, durante a assembleia, apontaram outras medidas, como um posicionamento do Poder Público com relação aos prédios policiais desativados da Rua da Palma, onde funcionaram a Delegacia de Costumes, a Delegacia de Roubos e Furtos e o 1° DP; com especial destaque para os plantões centrais, considerados “cartões postais” da cidade. Outras reinvindicações, como um concurso interno para remoção, a aposentadoria plena e o pagamento dos precatórios serão enviadas, junto com as demais, ao governo do Estado. Ao ser indagada sobre a possibilidade de uma greve, a categoria preferiu não comentar sobre o assunto.