Aos 38 anos, Márcio Ronny da Cruz ainda se recupera das queimaduras em 75% do seu corpo, causados por tentar salvar duas crianças de um ônibus em chamas nos atentados na capital, em janeiro deste ano. Com uma significativa melhora e avanços na recuperação, ele retorna hoje (19) para o Hospital de Queimados de Goiânia, para exames e depois volta para a capital, onde começa as sessões de fisioterapia.
Ao longo dos últimos oito de meses, Márcio esteve internado e passou por várias cirurgias para retirada e enxerto de pele. O entregador de frango diz que ainda sente muita sensibilidade pelo corpo, mas, que as dores cessaram. “Preciso me recuperar para fazer mais uma cirurgia do coração, que só será possível quando eu estiver totalmente curado das queimaduras e isso deve demorar cerca de dois anos”, explicou.
Como exemplo de milagre e fé, ele participa de cultos em igrejas, contando seu testemunho aos fiéis. Márcio afirma que não considera o ato que fez algo heróico e sim algo humano que não se arrepende em tentar salvar vidas. “Não me arrependo do que eu fiz e se for para fazer de novo eu faço”, enfatizou ele.
Agora, ele dará continuidade ao tratamento ambulatorial com a administração dos medicamentos que precisa tomar e em seguida inicia as sessões de fisioterapia para retomada total dos movimentos. As cicatrizações em seu corpo já são visíveis e sem a máscara que usou por um mês para proteger o rosto, ele tem sua pele sendo reconstruída aos poucos até voltar a aparência próxima do normal.
Márcio permaneceu três meses em tratamento em Goiânia (GO), no Hospital de Queimados. Com o apoio da mulher e dos cinco filhos, a assistência familiar e a solidariedade das pessoas ajudaram ele na recuperação. Ele diz que já tinha até perdido a esperança de voltar a vida de antes, pois os “médicos falavam que era um caso muito difícil de cura total, devido a gravidade das queimaduras”.
O ataque
No dia 3 de janeiro, Márcio retornava do trabalho para casa, quando o ônibus em que estava, da linha Vila Sarney Filho, foi incendiado. As chamas que cresceram rápido dento do veículo atingiram Ana Clara Santos, de seis anos, que faleceu dias depois. Ele se abraçou à menina que estava em chamas e teve seu corpo com mais de 90% queimado.
DE O IMPARCIAL