REDAÇÃO
04 Junho 2015 | 05:00
Operação da PF flagra uso de aviões de empresários de
SP e MT para transportar a droga colombiana; militares venezuelanos eram
subornados para repassar código de acesso a espaço aéreo e evitar abate.
Aeronaves eram depois queimadas
Por
Marcelo Godoy e Fausto Macedo
Uma
organização criminosa comandada por empresários brasileiros era responsável
pelo transporte de cocaína das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc) da Venezuela para Honduras, onde toneladas da droga eram entregues aos
cartéis mexicanos de Sinaloa e Los Zetas. O grupo comprava códigos de
identificação do controle aéreo venezuelano que, assim, deixava de abater o
avião. Cada voo pagava até US$ 400 mil de propina a militares da Venezuela.
Na terça, a
Delegacia de Repressão a Entorpecentes da superintendência paulista da Polícia
Federal (PF) cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas e
Mato Grosso. Bens – imóveis e empresas – e contas bancárias foram sequestrados
pela Justiça Federal. As investigações, que começaram em 2012, já haviam
resultado na apreensão do helicóptero da empresa Limeira Participações, do
senador Zezé Perrella (PDT-MG), em 2013, no Espírito Santo, com 445 quilos de
cocaína. As buscas de terça encerraram a primeira fase da Operação Dona
Barbara, da PF.
Segundo
relatório enviado à Justiça pelo delegado Rodrigo Levin, a apuração começou com
a vigilância de dois empresários brasileiros – Manoel Meleiro Gonsalez e Ronald
Roland. Eles estariam comprando aeronaves e preparando carregamentos de cocaína
– a rota Venezuela-Honduras era só uma suspeita. Os agentes passaram a vigiar
os alvos e seus aviões.
O inquérito
mostra as negociações entre os traficantes e militares da Venezuela descritas
em mensagens de celular dos brasileiros para o tráfico de Colômbia, Venezuela e
Honduras. O grupo usava apenas aparelhos de telefone BlackBerry, pois
acreditava que suas mensagens não poderiam ser interceptadas pela polícia.
Em uma delas,
por exemplo, o homem apontado pela PF como líder da organização – o fazendeiro
brasileiro Paulo Flores – escreve, às 7h57 de 5 de setembro de 2013, ao
hondurenho José Cristian Espinosa Erazo, dizendo que os aviões aguardavam “el
permiso de los teles” (os códigos) para entrar no espaço aéreo venezuelano.
Propina. Há diversas mensagens em que são mencionados
valores da propina de até US$ 400 mil para os militares do país vizinho. Os
aviões partiam de cidades do interior paulista, de Sinop (MT), São Felix do
Araguaia (TO) e Bacabal (MA). Antes de decolar, os pilotos recebiam o código
transponder – número que faz a aeronave emitir um sinal que identificará o voo
nos radares – da Venezuela.
Com o código,
afirma a PF, a força aérea daquele país sabia que o avião havia pago propina e,
assim, não o abatia, mesmo quando a polícia daquele país era informada pela PF
brasileira a respeito do voo. As aeronaves pousavam no lugarejo de Aparte, no
Departamento de Zulia, perto da base militar de Maracaibo. Em pelo menos uma
oportunidade, os traficantes trocaram mensagens dizendo que pagaram propina
complementar de US$ 100 mil para guardar o avião em um hangar do Exército
venezuelano. "Informações Estadão"
Operação da PF flagra uso de aviões de empresários de
SP e MT para transportar a droga colombiana; militares venezuelanos eram
subornados para repassar código de acesso a espaço aéreo e evitar abate.
Aeronaves eram depois queimadas
Por
Marcelo Godoy e Fausto Macedo
Uma
organização criminosa comandada por empresários brasileiros era responsável
pelo transporte de cocaína das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc) da Venezuela para Honduras, onde toneladas da droga eram entregues aos
cartéis mexicanos de Sinaloa e Los Zetas. O grupo comprava códigos de
identificação do controle aéreo venezuelano que, assim, deixava de abater o
avião. Cada voo pagava até US$ 400 mil de propina a militares da Venezuela.
Na terça, a
Delegacia de Repressão a Entorpecentes da superintendência paulista da Polícia
Federal (PF) cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas e
Mato Grosso. Bens – imóveis e empresas – e contas bancárias foram sequestrados
pela Justiça Federal. As investigações, que começaram em 2012, já haviam
resultado na apreensão do helicóptero da empresa Limeira Participações, do
senador Zezé Perrella (PDT-MG), em 2013, no Espírito Santo, com 445 quilos de
cocaína. As buscas de terça encerraram a primeira fase da Operação Dona
Barbara, da PF.
Segundo
relatório enviado à Justiça pelo delegado Rodrigo Levin, a apuração começou com
a vigilância de dois empresários brasileiros – Manoel Meleiro Gonsalez e Ronald
Roland. Eles estariam comprando aeronaves e preparando carregamentos de cocaína
– a rota Venezuela-Honduras era só uma suspeita. Os agentes passaram a vigiar
os alvos e seus aviões.
O inquérito
mostra as negociações entre os traficantes e militares da Venezuela descritas
em mensagens de celular dos brasileiros para o tráfico de Colômbia, Venezuela e
Honduras. O grupo usava apenas aparelhos de telefone BlackBerry, pois
acreditava que suas mensagens não poderiam ser interceptadas pela polícia.
Em uma delas,
por exemplo, o homem apontado pela PF como líder da organização – o fazendeiro
brasileiro Paulo Flores – escreve, às 7h57 de 5 de setembro de 2013, ao
hondurenho José Cristian Espinosa Erazo, dizendo que os aviões aguardavam “el
permiso de los teles” (os códigos) para entrar no espaço aéreo venezuelano.
Propina. Há diversas mensagens em que são mencionados
valores da propina de até US$ 400 mil para os militares do país vizinho. Os
aviões partiam de cidades do interior paulista, de Sinop (MT), São Felix do
Araguaia (TO) e Bacabal (MA). Antes de decolar, os pilotos recebiam o código
transponder – número que faz a aeronave emitir um sinal que identificará o voo
nos radares – da Venezuela.
Com o código,
afirma a PF, a força aérea daquele país sabia que o avião havia pago propina e,
assim, não o abatia, mesmo quando a polícia daquele país era informada pela PF
brasileira a respeito do voo. As aeronaves pousavam no lugarejo de Aparte, no
Departamento de Zulia, perto da base militar de Maracaibo. Em pelo menos uma
oportunidade, os traficantes trocaram mensagens dizendo que pagaram propina
complementar de US$ 100 mil para guardar o avião em um hangar do Exército
venezuelano. "Informações Estadão"
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