EDITORIAL: A IMPRENSA GRITA A DOR DE UMA SOCIEDADE FERIDA



EDITORIAL

O atentado criminoso que resultou na morte de um comerciante na cidade de Bacabal e no desaparecimento de um vaqueiro foi o assunto que pautou o noticiário durante toda a semana. A partir do que foi divulgado na mídia local, autoridades da cúpula do sistema de segurança estadual tomaram conhecimento do terrível episódio e agiram de maneira profícua para a sociedade.

 

O caso é grave e, com essa tônica, foi divulgado pela Imprensa desde o início. Quando foi constada a morte violenta, com requintes de crueldade do comerciante Marcos Marcondes, se instalou uma crise. O comandante do Batalhão PM de Bacabal, foi exonerado.  A sociedade maranhense se sentiu atingida, traída mesmo, ao ver homens em que deposita confiança, agirem de maneira – no mínimo – indecorosa. Essa sociedade estarrecida e ferida, grita por justiça.


O caso é grave, por envolver policiais militares e por ter como resultado da ação dos mesmos, o achado do cadáver de um homem sem passagem pela polícia, sem registro sequer de suspeita de desacato, quanto mais do cometimento de qualquer crime.


Como não noticiar?  Ou melhor: como noticiar sem que os fatos sejam narrados justamente da maneira como aconteceram? Como noticiar o sequestro de um homem, depois o achado do cadáver deste homem e o desaparecimento de um outro, sem que se mostre choro, indignação, revolta e clamor por justiça? A resposta é: não há como fazer isso.  A sociedade ferida, grita pela boca da Imprensa.


Alguém conceber que a Imprensa deveria calar ou noticiar de maneira ‘en passant’, sem se aprofundar no caso, é estarmos diante de um tolo.  O momento é grave e não comporta despautérios que objetivem distorções quanto ao real objetivo. O momento é grave e não se admite que néscios tentem desviar a atenção quanto à necessidade de apuração criteriosa desse episódio.


Depois que a Imprensa bacabalense noticiou, o secretário de Segurança Jefferson Portela, numa resposta rápida e determinada, aportou em Bacabal acompanhado dos chefes das polícias Militar e Civil. O que poderia ser visto como um ato de resposta meramente político, para efeito midiático, se evidenciou como uma resposta profissional, quando o secretário Jeferson Portela, determinou que peritos e investigadores também aportassem em Bacabal.


Esses profissionais vão construir o alicerce da investigação técnica e precisa. A Imprensa está acompanhando. O caso é de extrema gravidade e pode ter repercussão em toda a Polícia Militar. O modelo de policiamento velado precisa ser repensado, apontam especialistas. Está a vociferar estultice todo aquele que imagine ser esse um caso isolado ou que tente intimidar a Imprensa no seu papel de porta-voz da sociedade.


Se a Imprensa calar como vamos encontrar respostas para as duas principais perguntas feitas pela população: 1) Onde está José de Ribamar?; 2) Quem matou o comerciante Marcos Marcondes depois que o mesmo foi levado por policiais militares à paisana em um carro?


A Imprensa que se dedica a esse papel não é uma imprensa nova. É a mesma Imprensa que cotidianamente divulga, projeta e promove policiais quando acertam no exercício da profissão. Na semana que se encerra, essa Imprensa não poderia deixar de apontar o erro. Se não tivesse havido o erro, não haveria a crise que resultou no deslocamento das maiores autoridades da Segurança estadual para Bacabal. Assim como a Imprensa não fabricou os fatos, não pode fabricar desculpas ou versões. O papel da Imprensa é ajudar a melhorar a sociedade, nesse caso, gritando o grito da sociedade que clama por justiça.

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