Microrganismo
foi encontrado em usina de reciclagem de lixo no Japão.
Molécula da criatura pode ser usada para tratar problema de poluição sólida.
Garrafas PET, um dos poluentes sólidos mais persistentes do planeta (Foto: Twentyfour Students/CC)
Do G1, em São Paulo
Molécula da criatura pode ser usada para tratar problema de poluição sólida.
Garrafas PET, um dos poluentes sólidos mais persistentes do planeta (Foto: Twentyfour Students/CC)
Do G1, em São Paulo
Cientistas japoneses anunciaram nesta
quinta-feira (10) a descoberta de uma bactéria capaz de decompor completamente
o polietileno tereftalato -- o plástico do qual são feitas as garrafas PET, um
dos problemas mais graves de poluição no planeta.
O microrganismo, que oferece uma
perspectiva mais viável para tratar o acúmulo desse material no ambiente, foi
encontrado em uma usina de reciclagem de lixo. A bactéria, batizada de Ideonella
sakaiensis, se alimenta quase que exclusivamente de PET.
Segundo os cientistas, a descoberta é de
certa maneira surpreendente, porque a bactéria aparenta ter adquirido a
capacidade de degradar esse tipo de plástico em um processo que durou poucas
décadas. Na escala da evolução biológica, é um piscar de olhos.
Em estudo na revista "Science",
o grupo liderado pelo biólogo Shosuke Yoshida, do Instituto de Tecnologia de
Kioto, descreve como uma colônia microrganismo conseguiu degradar uma folha
fina de PET em 6 semanas. Pode parecer muito tempo, mas é rápido para um tipo
de plástico que leva centenas de anos para se decompor espontaneamente.
Para decompor o PET, a bactéria produz
duas enzimas -- moléculas biológicas que promovem reações químicas -- cuja
função específica é degradar esse plástico. O PET é composto por uma estrutura
molecular de carbono altamente estável, que quando atacada pela bactéria se
rompe em componentes menores, que podem ser incorporados ao ambiente sem
problemas.
O trabalho dos cientistas japoneses
envolveu a análise de 250 amostras de bactéria encontradas na usina de
reciclagem. A descoberta é importante, afirmam, mas é preciso descobrir ainda
meios práticos de produzir essas enzimas e usá-las em larga escala para tratar
resíduos plásticos que poluem ambiente, sobretudo nos oceanos.
De um jeito ou de outro, estudos sobre a Ideonella
sakaiensis devem acelerar esse processo, já que tudo o que se
conhecia antes era alguns fungos capazes de decompor PET parcialmente. Usar
bactérias que aniquilam totalmente o plástico para desenvolver um tratamento
biológico para esse tipo de lixo deve ser bem mais fácil, dizem os cientistas.
O planeta produz hoje cerca de 50 milhões
de toneladas de PET por ano, e menos de 15% do material é reciclado. O que não
é contido em aterros sanitários nem incinerado acaba indo parar em rios e mares
-- fragmentado em pequenos pedaços -- e é extremamente nocivo para criaturas
aquáticas.
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